FILHO DO GUETO
Sou o medo oculto,
O ódio latente,
Sou fruto e subproduto
Da sua mente,
Um indigente
Entregue ao álcool,
Um pivete
Preparado para o assalto,
Sou o resultado da divisão
Desigual de riquezas,
Sou a arma engatilhada
Na cabeça de inocentes,
As palavras não ditas,
A truculência da policia,
A balada de sexta,
A atitude inconseqüente,
Sou o dedo do assassino no gatilho,
O caráter de muitos políticos,
O desrespeito aos outros
E a si mesmo,
Sou o desejo de um anjo demoníaco,
Um deus,
Um homem aflito
Por ter o filho dominado pelo vicio,
No entanto, nem sempre digo
Os caminhos que sigo,
Bons ou ruins, enfim,
Só interessam a mim,
Mas deixemos de lado os segredos
Porque sou filho
Da periferia,
Da inconsciência de meninas,
Do medo,
Do desemprego,
Da entrega licita,
Da disputa de esquinas,
Sou um afro-brasileiro
Sujeito ao preconceito,
Sim, sou mais um filho do gueto.
FERNANDES OLIVEIRA
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