Salve Sarau das Ostras! Salve a poesia que demonstra que a Periferia tem Palavra!

Quando fui convidado por NP(Nego Panda) para prestigiar o evento que ele propunha a realizar em 25 de junho de 2010, não tinha sequer a noção do quanto isto emplacaria e mudaria minha maneira de ver a poesia e todo o contexto no qual ela estava inserida.

Apesar de já à época acostumado aos eventos literários tradicionais, por conta da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP e outros grupos dos quais acompanhava e participava com certa frequencia, o convite ao Sarau das Ostras veio como uma luva para suprir uma necessidade particular e um anseio por reunir-me a um grupo que privilegiasse a dinâmica nas apresentações e, sobretudo, pudesse não apenas ser temático, mas que fosse a medida que o público reage as poesias expostas ir pouco a pouco se moldando e recriando-se em tempo real. E de mero expectador, já na primeira edição tornei juntamente com o Nego Panda, Ludimar Gomes, Abel Pereira e Pericles, protagonistas e integrantes de um grupo, que sequer cogitávamos que se tornaria num projeto cultural. Tudo isso sem protocolos e convenções acontecendo naturalmente. A alegria e satisfação de poder passar a mensagem e a mesma ser captada por quem a ouve, talvez tem sido o que mais nos fortaleça e nos motiva a seguir em frente. De 2010 pra cá foram dezenas de apresentações, algumas viagens, vários convites e entre eles para integrar o calendário cultural do Monumento Ruínas do Engenho São Jorge dos Erasmos, Base Avançada de Cultura e Extensão da USP em Santos e algumas faculdades da região e o mais interessante poder ser reconhecido, não por fazer algo inusitado, mas por fazer o que gostamos, ou seja, poesia. E se o pensamento da periferia "soa grave e em estéreo" nossa poesia falada "vem como pedras atingindo as vidraças da desigualdade", pois ela nos uniu e nos manterá por muito tempo, e a expectativa é que com ela também possamos fazer a diferença em prol da mudança de paradigmas e do ambiente hostil, preconceituoso e muitas vezes corrupto que nos cerca.

Vida longa ao Sarau das Ostras!!!

Fernandes Oliveira - 25/06/2013

Sarau das Ostras é considerado o primeiro Sarau de Literatura Marginal Periférica da Baixada

Santista e, é fruto da inspiração de Nego Panda(Elton Alexandre).

E o que isto quer dizer?

Convite ao primeiro Sarau das Ostras - 25-06-2010

Simples, ele foi o idealizador e o precursor num segmento que já vinha ganhando espaço na mídia e em diversas áreas da grande São Paulo. A ideia inicial foi reunir alguns poetas que versavam sobre a suas "quebradas", ou temas pouco usuais nos clássicos livros de literatura, além disso, trazer os mc's de Rap da Baixada Santista que já tinham em suas letras o desejo manifestado de protestar acerca das consequências nocivas causadas pela má administração do dinheiro público, do tráfico, da violência policial e sobretudo da discriminação racial, se utilizando para isso muitas vezes de um linguajar próprio e gírias, fato esse que causa um pré-julgamento e num primeiro momento afastamento de letrados e acadêmicos.
Mas o ideal foi além e rompeu barreiras, ganhou espaço e respeito e reconhecimento tanto na Baixada, quanto noutras cidades e repercussão nacional o que motivou novos autores a também desligarem suas a bases e passarem suas rimas contundentes de forma que o ritmo agora era dado pela intensidade que cada verso e a ideia que o poeta queria passar.
Hoje o Sarau das Ostras é mais que uma simples atividade esporádica de apresentações e é encarado por seus integrantes como um projeto de difusão e fomento da arte periférica ou marginal. E traz no seu contexto um sentimento que cada integrante pode somar suas atividades artísticas as nossas apresentações tornando-as assim mais criativas e empolgantes.

http://saraudasostras.blogspot.com/

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